Titanopólio

 

etapa 2005-2007

 

 

Quando à saída da segunda curva, Tough Irish” Mare constatou um já cómodo avanço, o pónei entreteu o público com uma espectacular cangocha e, desafogadamente, voltou a forçar o galope.

 

Das bancadas choviam frenéticos incitamentos e, embora a corrida ao Titânio ainda estivesse a pouco mais de metade, em alguns camarotes começava-se já a brindar à vitória do cavalito de Moma. Cá por mim, limitei-me a imitar o sempre prudente silêncio de Conrart.

 

Como acontece com qualquer wild card quando em confronto com os Golias, Tough Irish” Mare gozava de apreciável simpatia entre o público; particularmente entre as gentes das dunas e planícies de Tupuito e Namalope (Moma) que, para além de investimento fresco, não esqueciam a difícil infância do pónei. Em especial a forma corajosa, irlandesa diziam mesmo, como, em 1999, ele havia sobrevivido à traiçoeira fuga de sua mãe Lilly (futuramente Lilly Billington após acasalamento com um garanhão do apartheid).

 

Entretanto, e segundo alguns relatores do Titânio, “Tough Irish” Mare continua a exibir um galope juvenilmente fluido, e em cadência que parece acelerar à medida que os altifalantes anunciam as posições do resto da manada Titanopólio.

 

E não é caso para menos já que, na sequência de problemas burocráticos com compensações ao queniano estábulo de Kwale, do Canadá chegam notícias da recente desistência de Tio Mário. E, desde logo, o que isto significa é que “Tough Irish” Mare pode vir a abocanhar boa parte dos rebuçados de ilmenite inicialmente destinados às pradarias de Jinchunan - um estábulo na Mongólia Oriental.

 

Surpreendentemente, para “Tough Irish” Mare as boas notícias não se ficavam por aqui já que, aparentando uma severa crise de menopausa mineiro-industrial, Lilly Billigton havia encostado às boxes de Chibuto tentando afogar as mágoas carbo-alumineiras que ultimamente lhe chegavam de Coega (África do Sul), e não só.

 

Na verdade, o aspecto desta velha mula era tão confrangedoramente pálido que, nas docas de Chongoene, insistentemente lhe sugeriam que ela fosse era à praia apanhar algum sol, ao invés de invectivar falsos impropérios contra a falta de electricidade. E aproveitasse para reavaliar as águas da zona já que, segundo se murmurava por aquelas docas, talvez não fosse má ideia que a mula da Lilly matutasse na intrigante solução subaquática, ou mesmo nos velhos comboios como muitos diziam.

 

Entretanto, na corrida ao Titânio Xilobeni King não parecia oferecer perigo especial dado que continuava embrenhado em trotes nas reservas de Pondoland (RSA) - quiçá à espera de um Godot 2010. Já diferente parecia ser a sorte de Rio Tonto que, em Tolagnaro, se havia destacado da manada assegurando posição junto à corda de Madagáscar.

 

Muito embora a corrida ao Titânio estivesse a correr-me bem – note-se que eu havia seguido o conselho de um broker quanto à iminente valorização do estábulo de “Tough Irish” Mare – a coisa parecia-me intrigantemente perfeita, e algo me sugeria cautela na análise da matriz Moma. No limite porque, para Moma pelo menos, esta será sempre uma corrida de longo prazo.

 

Por isso mesmo, e antes que se chegue à recta final de Titanopólio, decidi-me por um hedging quanto ao equilíbrio na divisão social dos troféus de Moma.

 

 

josé lopes

 

janeiro 2007

Mogovolas

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